Voz, essa sapeca dançarina.

escuta, abre bem os ouvidos e escuta bem…

26-11-2019

A voz é um espelho que reflete as profundezas de nossas almas e se revela como uma ferramenta profunda para decifrar os meandros da personalidade de cada um de nós. Seu tom, ritmo, velocidade, articulação e ressonância servem como pistas que revelam o mosaico de emoções, comportamentos e a própria autoconfiança que abrigamos. Através desses elementos aparentemente sutis, a identidade de quem fala gradualmente se revela, sussurrando segredos que muitas vezes passam despercebidos.

Ouvir a nossa voz torna-se um ato de profunda autodescoberta, uma viagem onde o som se transforma num bálsamo, oferecendo consolo, libertação e deleite.

Ouça, então, com ouvidos e corações abertos.

Escuta bem…

A fala é gentil? A conversa flui sem esforço, pontuada por risadas dançando livremente no ar?

Nessas trocas, onde a fala, a intenção e a liberdade se entrelaçam, sentimo-nos levados a permanecer mais tempo ali, com aquela pessoa. Aqui prospera a comunicação genuína, alimentada pelo prazer de ouvir e pela arte de se expressar com simplicidade e sinceridade.

Embora não seja fonoaudióloga ou cantora, meu fascínio reside em decodificar as personalidades e identidades tecidas em cada voz. Que narrativas essa voz carrega? Que experiências ecoa?

Guiada pela sabedoria de mentoras queridas – Isabel Setti, Monica Montenegro, Andrea Drigo, Carmina Juarez e Andrea Kaiser – mergulhei nas complexidades do aquecimento vocal, desaquecimento, do canto na música popular brasileira, improvisação vocal e belting. Práticas utilizadas para potencializar a expressividade e conforto vocal. Aos poucos fui descobrindo que minha garganta era apenas um canal de passagem para a voz. E que não havia mais nada a fazer enquanto falava ou cantava do que abrir espaço na laringe. Abrir espaço no meu corpo pra deixar a verdade ser transmitida através da minha voz.

Na era digital de hoje, a voz reivindicou um domínio expansivo em nossas vidas. No entanto, no meio da cacofonia de vozes tecnológicas – anunciando qual o horário do próximo ônibus, alertando-nos ao atravessarmos a rua, e através dos eletrodomésticos – nos questionamos: como é que um robô dá a cada palavra o significado que ela carrega? Como essa conversa entre um computador e um usuário pode nos levar a esse deleite na comunicação? Como nos relacionamos com vozes desapaixonadas e desconexas, desprovidas de matiz e significado?

A resposta, talvez, esteja na intersecção entre essas duas faculdades – linguística e tecnologia – uma confluência de raízes antigas e inovações de um futuro próximo.

Alguns autores sugerem que a interação ideal que desejamos com os nossos companheiros electrónicos reflete as ligações autênticas que procuramos nas nossas interações humanas.

Dentro do labirinto da pesquisa do meu mestrado existe uma riqueza de mistérios esperando para serem desvendados. A voz, aquela dançarina ágil e sapeca que navega pelos rios das nossas gargantas, continua a ser um enigma que vale a pena explorar, um testemunho das profundezas ilimitadas da expressão humana.

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